domingo, 25 de novembro de 2007

O ATO DE BRINCAR


De acordo com Vigotski (1991), a imaginação é constituída pela experiência e, a partir dela, se recria o real, tornando concretas as fantasias humanas. Quanto mais variados forem os recursos de leitura de mundo, maiores serão as chances de conhece-lo e de transforma-lo. Piaget (1978) afirma que toda ação, isto é, todo movimento, pensamento ou sentimento, corresponde a uma necessidade: o contato com objetos exteriores desencadeia no ser huamano a vontade de manipulá-lo; sua utilização com fins práticos irá suscitar uma pergunta, que remeterá para um problema teórico. Assim, é parte da curiosidade a cerca do mundo que o homem constrói seu saber; na criança, essa curiosidade começa pelo brinquedo. E como estará a escola lidando com esses aspectos?

Muitas vezes as relações entre o lúdico, o trabalho e aprendizagem - ou ainda entre a arte e a ciência, a cultura e a educação - são exercitadas na escola de forma desarticulada. Por isso, é importante compreende-las melhor; e um olhar atento ao que alguns dos grandes teóricos da educação tem escrito ao longo dos anos sobre essas relações podem nos ajudar.

Em primeiro lugar é preciso entender a criança como um ser social e histórico, um ser que sente, sonha, deseja, pensa, age, se expressa e se relaciona em um contexto de tempo e espaço determinado histórica e socialmente; é que, ao mesmo tempo, também determina este contexto. Em casa, na rua, na escola, a criança constrói uma nova realidade e se constrói a partir de suas relações, em cada situação vivenciada. E essa construção deve passar pelo lúdico, pois o brincar é o primeiro instrumento da criança para a compreensão do mundo de si mesmo.

Por isso, faz-se importante tentar compreender como a escola esta vivenciando seu papel dentro do processo de auxiliar na construção do conhecimento de cidadãos e se os professores estão conscientes do papel fundamental que o lúdico tem nesse contexto. Para tanto, alguns aspectos teóricos deve ser preliminarmente apresentados.

REFLEXÕES SOBRE O LÚDICO


Pelo o lúdico a criança faz a representação de seu universo social. A partir do brinquedo, acontecem adaptações, acertos e erros, possibilitando a busca por soluções de problemas que vão tornar a criança um sujeito autônomo ( Rodrigues,2000). A natureza da criança é lúdica de movimento de curiosidade, de espontaeidade. Negar esta natureza é negar a própria criança. Mas qual o significado do termo lúdico?
No dicionário analógico, de idéias afins, de santos Azevedo (apud ROSAMÍLIA,1979), as palavras relativas à idéia "lúdico" não tem referência especial. Nem a palavra jogo. Aparecem as palavras brincadeira, brincalhão, brincar e brinquedo no índice remissivo. Remontando aos tópicos alegria, divertimento, espírito humorista e ridicularização. A elas corresponedem os antônimos, tristeza, enfado, pobreza de espírito e chatice. Pode-se de prender, já de início, que a brinacdeira é sempre relacionada à alegria, à felicidade.
Numa análise geral em vários dicionários, o verbete lúdico sempre se refere aquilo que tem caráter de jogo, brinquedo ou divertimento. Segundo Lieberman (apud ROSAMÍLIA, 1979,p.5) o lúdico é um traço da personalidade que persiste na infância até a juventude e idade adulta. De acordo com essa autora, compreende tres traços componentes: a alegria, o senso de humor e a espontaneidade. Portanto, o que caracteriza o jogo, o lúdico, o brincar é a satisfação e a alegria.

As Novas Tecnoloias na Educação


Vivemos hoje em um mundo de informações e imagens. Para onde olhamos nos deparamos com idéias e mensagens variadas que ilustram o cenário do mundo. Nesse universo se encontram as aldeias globais representadas pela tão falada era digital que tem contribuído de maneira determinante para o avanço dos meios de comunicação, da arte, da ciência, da tecnologia e também da educação.
No século XX com a popularização da ficção cientifica, surgiram muitas máquinas pensantes que foram citadas em livros, revistas, filmes, histórias em quadrinhos e no rádio. Entramos em uma era onde milhões de pessoas, todos os dias, acessam arquivos e programas de computador, navegam nas redes de informação, retiram dinheiro nos caixas automáticos de bancos e enviam e recebem informações pela internet, fazendo uma leitura de mundo completamente diferente da que era conhecida.
O computador e a internet vêm tornar verdadeira a “ficção científica” se firmando como um importante braço da comunicação virtual, pois ela une povos e idéias, vence barreiras de tempo e espaço. Leitor/navegador são convidados, a partir de várias situações, “a clicar” sobre o que deseja ler e descobrir no mundo.
Bakhtin (1976, in: Freitas), em seus escritos, antecede em muito o mundo da cibercultura. Destaca que para compreender a arte como sistema dinâmico de signos axiológicos (estudo de alguma espécie de valorem especial dos valores morais), é necessário pensá-la num conjunto interativo de três elementos: criador, contemplador e tópico. Na visão bakhtiniana, a vida social é definidora na construção dos significados. As experiências de vida e a aprendizagem refletem nossa forma de estar na coletividade (Presença Pedagógica agos/2002p.65). A informação que temos hoje está afetando as experiências de leitura do autor-leitor-obra o que já era pensado também nos estudos de Vygotsky.
A partir da reflexão desses autores, podemos nos situar no contexto escolar e nos laboratórios de informática da escola e analisar o que anda acontecendo na nossa prática educativa. No computador, o espaço de escrita é a tela, ou a “janela” ao contrário do que ocorre quando o espaço da escrita são as páginas do códice (obra de autor clássico), com isso no computador se tem a possibilidade de criação de um texto fundamentalmente diferente do texto no papel, é o chamado hipertexto que segundo Lévy (1999,p.56) é “um texto móvel, caleidoscópio, que apresenta suas facetas, gira, dobra-se e desdobra-se à vontade frente ao leitor”. Diferente do texto no papel que é escrito e é lido linearmente, seqüencialmente – da esquerda para a direita, de cima para baixo, uma página após a outra; o texto na tela – o hipertexto – é escrito e é lido de forma multilinear, multi-seqüencial, acionando-se links que vão trazendo telas numa multiplicidade de possibilidades sem que haja uma ordem predefinida. Hoje, nós, educadores, temos que ter acesso a gênero textual, ampliando a visão de textos fixos e lineares, que fazem parte da cultura da escola. Com a cibercultura criamos novos caminhos, onde o leitor transita com liberdade, construindo uma trajetória própria de leitura. Nesse caminhar, vai ligando e reconstruindo textos, criando novos sentidos para leitura/escrita. Possibilitando um pensamento em rede, semelhante ao pensamento humano, nessas tessituras as inúmeras informações vão se processando de forma a quebrar a visão de linearidade.
Podemos também citar como um bom caminho para educação frente às novas tecnologias, os softwares educativos, desenvolvidos para tornar as aulas mais desafiadoras e interessantes. Esses recursos tecnológicos permitem que o educador tenha a possibilidade de dar às aulas uma visão mais lúdica e um aprender mais interativo.
Quando o aluno interage com o computador ele é capaz de fazer uma leitura de textos também significativos para a vida escolar; proporcionando um diálogo entre máquina, aluno e processo educativo. Por isso, dentro dos estabelecimentos de ensino, precisamos inserir as novas tecnologias a favor do aluno, envolvendo ciência, arte e vida. (Bakhtin, 1996; In:Freitas: 2000).
Em entrevista a revista Presença Pedagógica de jun/2002 o educador espanhol César Coll afirma que: “Uma grande questão que fica para a escola é manter o acesso ao conhecimento, e não apenas o consumo da informação que esse avanço tecnológico proporciona” Diante desse universo informativo, a nova geração precisa de guias, pessoas com potencialidades, professores capacitados, que possam mediar o valor dos meios de informação e transformá-los em recursos e suporte que facilite o processo de ensino aprendizagem dentro das novas tecnologias.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Teorias de Aprendizagem de Vygotsky

Vygotsky destaca o papel do contexto histórico e cultural nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, sendo chamado de sociointeracionista.

Enfoca os fatores biológicos e sociais do desenvolvimento psicológico - dupla natureza do ser humano - membro de uma espécie biológica que se desenvolve no interior de um grupo cultural.

Destaca as contribuições da cultura, da interação social e a dimensão histórica do desenvolvimento mental.

Vygotsky rejeitou, a idéia de funções mentais fixas e imutáveis, trabalhando com a noção do cérebro como um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.






Para a solução de um determinado problema existem diferentes rotas, que mobilizará
diferentes partes de seu aparato cognitivo e, portanto de seu funcionamento cerebral.





terça-feira, 23 de outubro de 2007

Introdução

A idéia de pesquisar o lúdico surgiu através da necessidade que sentimos em conhecer como utilizá-lo no processo de aprendizagem e, no desejo de renovação das práticas escolares. A intenção de trazer um método de ensino prazeroso para a criança e buscar atividades em que todos os alunos participassem. Nos motivamos pelo fato de acreditarmos que a brincadeira facilite a aprendizagem e desenvolva a capacidade criadora e cognitiva da criança e ao mesmo tempo estaremos propiciando um momento de prazer infantil que muitas crianças não disponibilizam. Este trabalho nos motivará a buscar novas metodologias em nossa prática docente. Daremos ênfase à importância da brinquedoteca nos espaços escolares, pois acreditamos ser este um espaço fundamental para a prática docente na busca pelo desenvolvimento autônomo da criança. As crianças sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio e na interação com o meio constroem conhecimentos e podem se desenvolver através de situações de aprendizagens significativas. Para a criança, o espaço é o que sente, o que vê, o que faz nele. O ambiente envia mensagens e os que aprendem respondem a elas. A organização dos espaços na escola depende de fatores pessoais, que é o critério de organização de acordo com as necessidades da criança e do educador e contextual, que são as condições climáticas e os recursos naturais ou artificiais como: plantas, fábricas, etc. Na escola é preciso ter além de espaços específicos para aula, espaços de uso comum, como pátio, refeitório, biblioteca, onde as crianças possam realizar atividades que em outros locais não teriam condições de fazê-lo, que é o caso da brinquedoteca, onde a variedade de materiais e a forma como estão organizados para que a criança possa explorar e manusear, ela também deve sentir-se bem, segura e acolhida para que possa utilizar os objetos de forma autônoma.
Brinquedos e brincadeiras convivem em harmonia com as necessidades de afeto, alegria, amor e de conhecimento.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Desenvolvimento da Autonomia Moral

1ª Fase: ANOMIA

  • Não existe noção de certo ou errado. A criança não é capaz de obedecer regras.
  • Sentimento e afeto - necessários à constituição futura do respeito.

2ª Fase: HETERONOMIA

  • Surgimento do respeito às regras ditadas pelos que têm autoridade.
  • O certo e o errado está subordinado ao que o adulto julga melhor ou pior.
  • Moral de obediência.

3ª Fase: AUTONOMIA

  • Respeito mútuo
  • Exercícios de cooperação na convivência em grupo
  • Constrói e coordena relações a partir da vivência das leis de reciprocidade.

Cabe ao professor avaliar em que estágio do desenvolvimento da Autonomia Moral o aluno se encontra e propor jogos e brincadeiras motivadoras na construção de sua autonomia.

Conseqüências Pedagógicas da Teoria de Piaget:



Dos estudos de Piaget podemos inferir alguns pressupostos pedagógicos e diretrizes para ação docente:

  • Respeitar as características de cada etapa do desenvolvimento, e considerar os interesses de cada fase, estimulando a atividade funcional, isto é, a atividade natural do indivíduo. Os estudos experimentais de Piaget permitem ao professor indicar o estágio em uma criança está atuando e , ao mesmo tempo, lhe mostram o que esperar dos alunos nos diferentes estágios de desenvolvimento.
  • Propor atividades desafiadoras, organizadas sob a forma de situações-problema, que estimulem a reflexão e a descoberta por parte dos alunos, contribuindo para ampliar seus esquemas mentais de pensamento. As atividades desafiadoras acionam e mobilizam os esquemas cognitivos de forma a levar o educando a observar, comparar, identificar, diferenciar, classificar, seriar, localizar no tempo e espaço, descrever, explicar, coletar e analisar dados, sintetizar, propor e comprovar hipóteses, concluir, deduzir, conceituar, interpretar, escolher e justificar as escolhas feitas, avaliar e julgar.
  • Utilizar métodos ativos de ensino-aprendizagem, de forma a ativar os esquemas mentais e estimular o pensamento, ampliando as estruturas cognitivas. Métodos ativos são aqueles que dão especial relevo à solução de problemas, à pesquisa, à experimentação, Pás atividades de manipulação e construção e ao trabalho em grupo, permitindo que o conhecimento não seja apenas transmitido, mas reinventado ou reconstruído pelo aluno. A verdadeira aprendizagem, a mais duradoura, ao é produto de um ensino meramente verbal ou gráfico. Ela decorre quando se apela sistematicamente para a atividade do aluno, dando-lhe oportunidade de atuar diretamente sobre os objetos, manipulando, construindo, pesquisando e experimentando.
  • Prover a sala de aula de materiais variados que o aluno posso ver, tocar e manipular, tendo em vista a resolução de problemas.
  • Proporcionar aos alunos situações nas quais tenham possibilidade de manipular objetos concretos, aplicando seus esquemas mentais à situações reais (tendo em vista uma maior compreensão da realidade) e exercitando as operações concretas. Portanto para tornar a aprendizagem mais significativa, recomenda-se a manipulação de objetos concretos na solução de problemas. Os objetos a serem utilizados para concretizar o exercício operatório podem ser bem simples, como botões, canudos, copinhos plásticos, figuras geométricas, ou material de sucata, como pedrinhas, conchas, palitos de sorvete, garrafinhas plásticas, chapinhas ou tampas de garrafa, barbante, etc.
  • Utilizar o jogo como recurso útil para a aprendizagem, pois as crianças tendem a concentrar sua atenção e a trabalhar mais intensamente, mantendo seu nível de esforço, quando estão envolvidas nesse tipo de atividade. O jogo corresponde ao impulso natural da criança e é capaz de absorve-la de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que torna o jogo uma atividade como forte teor motivacional, capaz de gerar na criança um estado de vibração e euforia. Além disso, a situação de jogo mobiliza os esquemas mentais pois, sendo uma atividade física e mental, ele aciona e ativa as funções psiconeurológicas e a importância do jogo no desenvolvimento intelectual, e afirma que ele contribui também para o desenvolvimento moral e social. Por isso, o jogo deve ser usado como um recurso para facilitar a aprendizagem, contribuindo tanto para o desenvolvimento cognitivo como moral e social.
  • Fazer com que a interação social e a linguagem tenham um lugar proeminente na programação diária de ensino, estimulando a interação verbal entre os alunos e promovendo atividades de grupo que envolvam cooperação e troca de idéias. Por exemplo, projetos de grupo, resolução de problemas em grupo, desempenho de papéis, jogo dramático e debate em classe. Para Piaget, o convívio grupal ajuda o desenvolvimento das estruturas cognitivas, pois oferece a oportunidade para que cada um compare seus pontos de vista com os dos outros, percebendo que objetos ou acontecimentos podem ser vistos ou interpretados sob perspectivas diferentes. Assim, a convivência grupal estimula a reversibilidade do pensamento e a reciprocidade no tratamento mútuo, contribuindo para a passagem da heteronomia para a autonomia. Por outro lado a criança e o jovem aprendem a expor suas próprias opiniões com clareza e precisão, justificando-as e provando-as, para que possam ser compreendidas e aceitas. Portanto, o trabalho em grupo aperfeiçoa as operações mentais, desenvolvendo o pensamento crítico do aluno.
  • Fazer com que o clima psicológico da sala de aula seja de liberdade e espontaneidade, o que não deve ser interpretado como um clima de laissez - faire , de caos ou indisciplina, pois o professor deve marcar sua presença, propondo atividades desafiadoras e acompanhando os alunos no processo de construção do conhecimento. Portanto, a principal função do professor é promover a atividade dos alunos, assegurados que eles atuem física e mentalmente.
  • Observar os alunos enquanto trabalham, prestando atenção na forma como agem e ouvindo suas opiniões, de modo a poder ajuda-lo na aprendizagem, quando isto for necessário. Cabe ao professor adotar uma atitude de feedback estimulando a atividade mental dos alunos e seu trabalho de descoberta e investigação, bem como reforçando positivamente as iniciativas e os esforços dos alunos, de modo a incentivá-los no processo de construção do conhecimento.

Como podemos verificar, muitas das descobertas e conclusões de Piaget tem sido aplicadas na educação, com objetivo de ajudar o aluno a desenvolver sua capacidade operativa de pensamento, isto é, a formar esquemas mentais móveis e reversíveis, que lhe permitam adquirir conhecimentos que possibilitem raciocinar em qualquer situação, como um pensamento autônomo, coerente, objetivo, crítico e criativo.


As conclusões das pesquisas de Piaget contribuíram para fundamentar alguns princípios pedagógicos adotados e proclamados pelo movimento da Escola Nova, ratificando a validade de sua aplicação.

O educador deve estar preparado e ter conhecimento sobre o desenvolvimento da criança e a fase cognitiva na qual ela se encontra, desta forma poderá compreendê-la e, quando necessário intervir de forma adequada, promovendo seu desenvolvimento de forma autônoma.