segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Conseqüências Pedagógicas da Teoria de Piaget:



Dos estudos de Piaget podemos inferir alguns pressupostos pedagógicos e diretrizes para ação docente:

  • Respeitar as características de cada etapa do desenvolvimento, e considerar os interesses de cada fase, estimulando a atividade funcional, isto é, a atividade natural do indivíduo. Os estudos experimentais de Piaget permitem ao professor indicar o estágio em uma criança está atuando e , ao mesmo tempo, lhe mostram o que esperar dos alunos nos diferentes estágios de desenvolvimento.
  • Propor atividades desafiadoras, organizadas sob a forma de situações-problema, que estimulem a reflexão e a descoberta por parte dos alunos, contribuindo para ampliar seus esquemas mentais de pensamento. As atividades desafiadoras acionam e mobilizam os esquemas cognitivos de forma a levar o educando a observar, comparar, identificar, diferenciar, classificar, seriar, localizar no tempo e espaço, descrever, explicar, coletar e analisar dados, sintetizar, propor e comprovar hipóteses, concluir, deduzir, conceituar, interpretar, escolher e justificar as escolhas feitas, avaliar e julgar.
  • Utilizar métodos ativos de ensino-aprendizagem, de forma a ativar os esquemas mentais e estimular o pensamento, ampliando as estruturas cognitivas. Métodos ativos são aqueles que dão especial relevo à solução de problemas, à pesquisa, à experimentação, Pás atividades de manipulação e construção e ao trabalho em grupo, permitindo que o conhecimento não seja apenas transmitido, mas reinventado ou reconstruído pelo aluno. A verdadeira aprendizagem, a mais duradoura, ao é produto de um ensino meramente verbal ou gráfico. Ela decorre quando se apela sistematicamente para a atividade do aluno, dando-lhe oportunidade de atuar diretamente sobre os objetos, manipulando, construindo, pesquisando e experimentando.
  • Prover a sala de aula de materiais variados que o aluno posso ver, tocar e manipular, tendo em vista a resolução de problemas.
  • Proporcionar aos alunos situações nas quais tenham possibilidade de manipular objetos concretos, aplicando seus esquemas mentais à situações reais (tendo em vista uma maior compreensão da realidade) e exercitando as operações concretas. Portanto para tornar a aprendizagem mais significativa, recomenda-se a manipulação de objetos concretos na solução de problemas. Os objetos a serem utilizados para concretizar o exercício operatório podem ser bem simples, como botões, canudos, copinhos plásticos, figuras geométricas, ou material de sucata, como pedrinhas, conchas, palitos de sorvete, garrafinhas plásticas, chapinhas ou tampas de garrafa, barbante, etc.
  • Utilizar o jogo como recurso útil para a aprendizagem, pois as crianças tendem a concentrar sua atenção e a trabalhar mais intensamente, mantendo seu nível de esforço, quando estão envolvidas nesse tipo de atividade. O jogo corresponde ao impulso natural da criança e é capaz de absorve-la de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que torna o jogo uma atividade como forte teor motivacional, capaz de gerar na criança um estado de vibração e euforia. Além disso, a situação de jogo mobiliza os esquemas mentais pois, sendo uma atividade física e mental, ele aciona e ativa as funções psiconeurológicas e a importância do jogo no desenvolvimento intelectual, e afirma que ele contribui também para o desenvolvimento moral e social. Por isso, o jogo deve ser usado como um recurso para facilitar a aprendizagem, contribuindo tanto para o desenvolvimento cognitivo como moral e social.
  • Fazer com que a interação social e a linguagem tenham um lugar proeminente na programação diária de ensino, estimulando a interação verbal entre os alunos e promovendo atividades de grupo que envolvam cooperação e troca de idéias. Por exemplo, projetos de grupo, resolução de problemas em grupo, desempenho de papéis, jogo dramático e debate em classe. Para Piaget, o convívio grupal ajuda o desenvolvimento das estruturas cognitivas, pois oferece a oportunidade para que cada um compare seus pontos de vista com os dos outros, percebendo que objetos ou acontecimentos podem ser vistos ou interpretados sob perspectivas diferentes. Assim, a convivência grupal estimula a reversibilidade do pensamento e a reciprocidade no tratamento mútuo, contribuindo para a passagem da heteronomia para a autonomia. Por outro lado a criança e o jovem aprendem a expor suas próprias opiniões com clareza e precisão, justificando-as e provando-as, para que possam ser compreendidas e aceitas. Portanto, o trabalho em grupo aperfeiçoa as operações mentais, desenvolvendo o pensamento crítico do aluno.
  • Fazer com que o clima psicológico da sala de aula seja de liberdade e espontaneidade, o que não deve ser interpretado como um clima de laissez - faire , de caos ou indisciplina, pois o professor deve marcar sua presença, propondo atividades desafiadoras e acompanhando os alunos no processo de construção do conhecimento. Portanto, a principal função do professor é promover a atividade dos alunos, assegurados que eles atuem física e mentalmente.
  • Observar os alunos enquanto trabalham, prestando atenção na forma como agem e ouvindo suas opiniões, de modo a poder ajuda-lo na aprendizagem, quando isto for necessário. Cabe ao professor adotar uma atitude de feedback estimulando a atividade mental dos alunos e seu trabalho de descoberta e investigação, bem como reforçando positivamente as iniciativas e os esforços dos alunos, de modo a incentivá-los no processo de construção do conhecimento.

Como podemos verificar, muitas das descobertas e conclusões de Piaget tem sido aplicadas na educação, com objetivo de ajudar o aluno a desenvolver sua capacidade operativa de pensamento, isto é, a formar esquemas mentais móveis e reversíveis, que lhe permitam adquirir conhecimentos que possibilitem raciocinar em qualquer situação, como um pensamento autônomo, coerente, objetivo, crítico e criativo.


As conclusões das pesquisas de Piaget contribuíram para fundamentar alguns princípios pedagógicos adotados e proclamados pelo movimento da Escola Nova, ratificando a validade de sua aplicação.

O educador deve estar preparado e ter conhecimento sobre o desenvolvimento da criança e a fase cognitiva na qual ela se encontra, desta forma poderá compreendê-la e, quando necessário intervir de forma adequada, promovendo seu desenvolvimento de forma autônoma.

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