sábado, 20 de outubro de 2007

Representação do Mundo

Devido à pouca descriminação entre o mundo interior e o exterior, a criança acredita que os objetos do exterior foram criados pelo homem para atender às suas necessidades (artificialismo).Desse modo, por exemplo, afirma:”As montanhas foram feitas para diminuir o vento”.
Para Piaget, a brincadeira infantil é uma assimilação quase pura do real ao eu, não tendo nenhuma finalidade adaptativa.A criança pequena sente constantemente necessidade de adaptar-se ao mundo social dos adultos, cujos interesses e regras ainda lhe são estranhos, e a uma infinidade de objetos, acontecimentos e relação que elas ainda não compreende.De acordo com Piaget, a criança não consegue satisfazer todas as suas necessidades afetivas e intelectuais nesse processo de adaptação ao mondo adulto.
Assim, a criança brinca por que é “indispensável ao seu equilíbrio afetivo e intelectual que possa dispor de um setor de atividade cuja motivação não seja a adaptação do real ao real senão, pelo contrario, a assimilação do real ao eu, sem coações nem sanções[...]”(Piaget e Inhelder, 1989:52)
A brincadeira é, então uma atividade que transforma o real, por assimilação quase pura às necessidades, em razão dos seus interesses afetivos e cognitivos.
Para Piaget, nas brincadeiras de faz-de-conta(jogo simbólico) as crianças criam símbolos lúdicos que podem funcionar como uma espécie de linguagem interior, que permite a elas reviver e repensar acontecimentos interessantes ou impressionantes.
Vygotski também analisa a emergência e o desenvolvimento das brincadeiras nas relações sociais da criança com o mundo adulto.A criança passa a se interessar por uma esfera mais ampla da realidade e sente necessidade de agir sobre ela.Agir sobre as coisas é a principal forma de que a criança dispõe para conhecê-las, compreendê-las.Nesse período, ela tenta atuar não apenas sobre as coisas às quais tem acesso, mas esforça-se para agir como um adulto:quer, por exemplo, dirigir um carro ou fazer comida.
Surge, então, uma contradição entre a necessidade de agir sobre um numero cada vez maior de objetos e o desenvolvimento das capacidades físicas.Em outras palavras, surgem na criança as necessidades não realizáveis imediatamente, no dizer de Vygotski, e que se tornam motivo para as brincadeiras.Isso não significa, porém, que as crianças compreendem as motivações que as levam a brincar.

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